quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Fé e cultura, um casamento perfeito da religiosidade popular católica

 A tradição dos presépios (por nós em Ichu Bahia chamada de lapinha) foi bem descrita por Edicarlos Almeida em sua 21º edição de "Hô Sertão", publicação periódica em redes sociais em que fala das belezas do nosso sertão (Confira o texto abaixo). A foto acima é da lapinha que fiz agora em 2017.
Desde menina acompanhei minha mãe neste ato de fé e devoção, cumprindo o ritual descrito por Edicarlos. Ir para caatinga é um desse momentos fantásticos que sigo ate os dias atuais.
 Caatinga de Pedro de Seu Né (dos filhos hoje, mas é assim conhecida)

Para que essa cultura continue em nosso município é muito importante que os pais ou avós insiram seu filhos no trabalho de fazer e de visitar os presépios que o nosso povo faz tão bem.
Os presépios nos lembram os momentos marcantes da vinda do Messias: nascimento (24/12), Circuncisão (01/01), Manifestação a todos os povos (06/01), Batismo (ultimo domingo do Tempo do Natal).
Vejam algumas das nossas lapinhas.
Lapinha de Lelinha (mãe de Geovana)

Lapinha de Bernadete e Amilton

Lapinha de Alice e Tadeu

 Hô Sertão!         Nº 21
A fé e tradição das lapinhas na cidade de Ichu BA.

Ichu é um pequeno município localizado no semiárido brasileiro ,  fica há cerca de 180 km da capital baiana,  cidade de pouco mais de 6 mil habitantes tendo como principal fonte de renda a agricultura familiar,  os serviços públicos e a produção dos derivados do leite através do  laticínio Aleluia.  Apensar de ser uma pequena cidade , ela é composta por grandes manifestações culturais e religiosas, e uma delas são as lapinhas  ( presépios ), que são feitas por muitas famílias ichuenses , tanto nas comunidades rurais como também na sede do município.
Como surgiu o presépio?
O presépio é talvez a mais antiga forma de caracterização do Natal. Sabe-se que foi São Francisco de Assis, na cidade italiana de Greccio, em 1223, o primeiro a usar a manjedoura com figuras esculpidas formando um presépio, tal qual o conhecemos hoje. A idéia surgiu enquanto o santo lia, numa de suas longas noites dedicadas à oração, um trecho de São Lucas que lembrava o nascimento de Cristo. Resolveu então montá-lo em tamanho natural, em uma gruta de sua cidade. E apartir daquele dia , todos os anos até os dias atuais essa cena se repete passando de geração em geração.
Como as lapinhas são feitas?
Cada família monta a sua lapinha de  seu jeito, fazendo grutas,  casas, morros,  cidades, rios, estradas etc... São usados troncos e raízes de árvores  secas, chamadas popularmente de tôcos, além pedras, terra, tijolos, caixotes. Também é bastante usado uma Cola caseira, feita de forma rudimentar a partir da fécula da mandioca, conhecida popularmente de “ goma”, usada para colar as casquinhas,  sambambais entre outros objetos .
Logo no início de novembro ou logo depois das primeiras trovoadas, o povo vai até o mato ( a caatinga ) para a retirada de sambambaias, casquinhas ( líquens), gravatás e outros elementos,  tudo isso para enfeitar as lapinhas.
As lapinhas também são enfeitadas com miniaturas de animais feito principalmente de barro, casinhas de papel, Búzios, pássaros, casa de João de barro, e algumas plantas nativas da caatinga.
As lapinhas são feitas logo na primeira quinzena do mês de dezembro,  têm  delas se que levam mais de uma semana para ficar pronta, independentemente do dia que a lapinha é finalizada , as famílias apenas colocam as imagens de São José , Santa Maria e os animais, deixando reservado o local do menino Jesus,  que é posto no dia 24 de dezembro a noite.
Outro fato curioso é que no dia 1* do ano, as famílias tem a tradição de “ levantar o Santo “,  ( tira o Deus menino da manjedoura, e põe Ele de pé )isso por volta do meio dia em pino ,  ao som de muitos fogos de artifício. Essa tradição também é passada de geração em geração. Também eram bastante comum a festa dos Santos Reis. Festa essa que acontecia na casa de uma pessoa sem ela saber, de forma de surpresa, onde  todo o povo chegava na casa  cantando o reisado e Logo depois sambavam  até o clarear do dia (  festa essa chamada de reis roubados ) ,
 Algumas famílias desmancham as suas lapinhas logo depois do dia de Reis ( 6 de janeiro ),  outras esperam passar a festa do batismo do Senhor.
Durante esse período  ( 25 de dezembro a 6 de janeiro ), acontecem  as peregrinações em visitas as lapinhas, muitos visitam em grupos ou apenas sozinhos(as), saem pelas casas com a alegria de visitar o Deus menino , onde fazem suas orações e agradecimentos.
Texto publicado na página do Facebook Hô Sertão! de Edcarlos Almeida.  Visite a página curta e compartilhe!
Lapinha de Dona Joana
 Lapinha de Dona Maria e Seu Louro
 Lapinha de Neide de Ester
 Lapinha de Delvacy e Ivanilton
Lapinha de Cristovão (Canavial)
 Lapinha de Dodora (Canavial)
 Lapinha de Carminha (Fazendas Reunidas)
 Fazenda de Duca e Pezão (Faz. Reunidas)
 Lapinha de Lucy de Cordeiro (Faz. Reunidas)
 Fazenda de Tia Nieta e Janjão (Canavial)
 Lapinha de Dona Joana (Vanderley)

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